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This is a project that I started long time ago and I'm now working on it. Language: Portuguese.

Imensidão de sonhos perdidos

   

Excerto
Capítulo 2

Imensidão de nada

Vagueando pela noite fria e sinuosa que se me depara esqueço quem sou e para onde vou, nada me parece incomodar nem mesmo a solidão que desde há já algum tempo me parece acompanhar nesta jornada fictícia; só a ela eu me dirijo num acordo tácito sem obter qualquer resposta; para quê, tudo está em mim, até o frio e o gelo que me devora a alma atormentada pelas mais escuras noites de sempre; nem uma só vela acesa, uma chama de calor em redor, toda a solidão e silêncio estão compactos num só numa imensidão de nada, de nada aparente; jamais pensei outrora existir algo assim tão desolador e tenebroso. O céu escuro como breu sem Lua, sem estrelas, sem nada e contudo prossigo procurando, procurando nem eu sei o quê.

Mas apesar da adversidade e da fraqueza que se apodera de mim a cada passo, a cada movimento no vácuo mais e sempre mais fazendo-me vacilar a cada instante, a cada nova inacção ou acção aparente, eu, só eu e ... ainda eu, resisto aos golpes vitais de um inimigo a quem não vejo mas que sinto a todo o Momento me circundando com baforadas de um hálito impregnado de raiva e inveja; a sua presença é notória pois cada vez que derrubo um muro ou passo um obstáculo outro e outro ainda surge maior e com mais opacidade, dificuldade e intransponibilidade no meu caminho. Oh!, como é desprezível este maldito e cobarde ninguém que me esfaqueia no escuro da noite sem fim e me fere com a crueldade atroz de um carrasco impiedoso enquanto o meu coração se despedaça em mil milhões de bocados em dor ensanguentada do mais puro suco astral de vida eterna.

Ora de pé... ora de rastos, todavia avanço por entre os escombros embebido pelo sangue que me escorre dos olhos rosto abaixo e desfigurado das mágoas passadas mas resisto e transponho de novo esse muro imaginário que me prende, me agarra, me sufoca e me força a morrer diante de mim, diante de todos e de ninguém; mas eu não me resigno e luto com todas as forças que me restam, que ainda vivem dentro de mim e me fazem gritar de raiva, me erguer de novo e enfrentar o miserável face a face - não ... ele não tem face é demasiado nojento para ser digno de tal mas vencerei custe o que custar. Agora vale tudo, porei o amor e a dor ao meu serviço, juntos transformar-los-ei em ódio, raiva, desprezo, maldade, tudo o que de pior conseguir e então lutarei de armas iguais. Nada a temer já enxaguei a mágoa que me banhava a alma num oceano de melancolia e tristeza agora... à carga meu irmão para o campo de batalha devidamente apetrechado para vingar.

Subitamente a noite clareou, a escuridão desapareceu de modo abrupto e a luz surgiu mais brilhante que nunca dando lugar a um maravilhoso dia de Primavera com o Sol radiosamente belo e quente. O frio desaparecera e os muros caíram, nada na minha frente agora para me deter, estava livre para continuar a caminhada para o desconhecido. Sentia-me esvoaçar e planar por cima de tudo e de todos, que sensação mais agradável esta agora; que mundo mais estranho este em que ousara penetrar, ainda há pouco quase morria de dor e agora num ápice sinto-me o ser mais feliz do Universo.

Excerpt From
Imensidão de Sonhos Perdidos
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